Todas as tardes ao sair do trabalho descobrir o prazer de passar embaixo daquela árvore que, apesar do sol escaldante ela jogava as suas gotas d’água em mim. Claro que não era a única privilegiada de sua ação, mas talvez fosse a única a sentir um prazer imenso nisso. A minha colega Bete me disse que seu nome era Chorão e mesmo quando vínhamos conversando distraídas pela rua, ao me aproximar daquela árvore já corria para passar por baixo de sua copa. Tanto Bete como Jo, nossa outra colega achavam engraçado meu prazer infantil de sentir as “lágrimas” do Chorão... Cheguei a pensar como seria gostoso se tivesse uma trilha desta árvore até minha casa... Que gostoso era sentir suas gotículas em meu corpo. Mas, hoje a cidade amanheceu chovendo e devido a chuva intensa passei despercebida da presença daquela árvore. Todavia, ao retornar agora com o tempo apenas nublado, levei um grande susto... Chorão havia se transformado em pedaços de troncos jogados no chão da Praça. Uma tristeza e uma incomoda melancolia surgiu em mim... Fiquei ali parada olhando inconformada para aqueles pedaços de madeira que até ontem tinha uma identidade, tinha vida, era meu Chorão. Pesarosa sair andando para casa me perguntando: Será que apenas chove na cidade ou a natureza chora a perda de mais uma filha? E choro a perda de Chorão.
O que sobrou de meu chorão...
O que sobrou de meu chorão...
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