Interessante todo o movimento que acontece em minha vida e toda sincronicidade que se faz presente. Nas minhas últimas turmas que trabalhei, em todas elas “determinei” aos alunos a tarefa de escrever exatamente o que me pede.
Observo que agora sou eu que estou na “berlinda”, embora não tenha sido fácil “analisar e avaliar” o perfil da classe para então continuar o meu trabalho. Mas, por certo, foi mais cômodo estar na postura de observador do que de observado.
No trajeto para casa fiquei me perguntando – Quem sou eu? – E agora para escrever fiz todo um “ritual”; primeiro peguei um caderno grande, pois apesar da difícil tarefa sinto a necessidade de deixar jorrar tanta coisa que está guardada, e que são pedaços da pessoa que hoje sou. Depois a questão da caneta, a que pudesse proporcionar uma letra “melhor” e percebo que este simples detalhe, já é um traço das recentes mudanças que se processa em mim, que é a preocupação, ou melhor, o cuidado com a estética, coisa que ficou abandonada por longos anos.
Após tudo isso a necessidade da música. Ah! A música ela é mágica, é algo que muitas vezes me transporta em viagens fantásticas e tantas outras me faz por os pés no chão. Amo música e quando estou em casa geralmente é minha companheira. Então escolhi uma música suave a que está na mensagem – A primavera em nós – Assim me sinto florescendo!
Sei que escrevi, mas não fui direta quanto a responder quem sou. Mas, saberei definir este ser em construção que sou? Sou tantas e ao mesmo tempo uma. Das inúmeras identidades que sou, posso afirmar ser filha, mãe, amiga muito amorosa e fiel. Na mesma intensidade que sou uma fortaleza, sou também fragilidade. Sou mulher-menina, ou melhor, busco resgatar a menina que se perdeu nos medos, nas dores...
Taí algo que me fez agora ter saudades. Saudades da menina ingênua tão cheia de sonhos, tão cheia de amor, embora a amorosidade esteja aqui de maneira forte, vi que expulsei de certa forma o amor romântico, o amor/erótico, o amor de partilhar com o masculino, o amor da entrega, do desejo, do querer...
Mesmo afirmando – Não sei se quero ou não sei se estou pronta, sinto agora sair do baú o desejo do “apaixonar-se”, o apaixonar não só por mim, mas pelo que posso ser na condição do outro. De repente desejo aquele olhar, o olhar mágico que tantas vezes fez soar em mim algo diferente, que fez meu coração bater mais forte, que me fez achar beleza em dias cinzentos e nublados. O olhar... É sempre o olhar que penetra em mim e que faz sair do baú a meiguice, o romantismo que tantas vezes busquei guardar.
Olhando para trás vejo que fui amorosa, mas também cruel; lúcida e insana; corajosa e tantas vezes temerosa, mas tudo isso e muito mais construiu esta mulher que “reflete” força, sabedoria, controle, amorosidade, confiança, fragilidade e insensatez...
Embora possa escrever tantas faces do que sou, confesso que gosto muito mais do que não posso expressar por faltar palavras adequadas para poder transmitir a energia que se faz presente em mim.
Amo a mulher que vejo florescer a cada instante, amo as descobertas que estou fazendo de mim mesma, e mesmo por um “prisma” poder dizer quem sou. Amo a mulher que É, ela nem foi e nem será, ela simplesmente É e, este agora de quem sou é efêmero e ao mesmo tempo eterno. Então, eu sou simplesmente esta mulher que provavelmente esteja a lhe olhar e lhe sorrir. (escrito dia 29/09/2010).
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