Cheguei pesada devido à
quantidade de sacola que levava comigo, o calor estava intenso e o suor
enlaçava meu corpo com um prazer infernal... Olhei minuciosamente para o
recinto buscando achar um local com uma ventilação maior e assim driblar o
calor...
Sentei
e comecei a saborear o beiju de coco que acabara de comprar. Ali como quem não
quer nada ele me sorria... O fato de vê-lo trouxe a mim uma grande paz, é esta
sensação de calmaria que sinto sempre que debruço meu olhar em um coração...
O
calor pegajoso de minha pele pareceu ter infiltrado em meus poros e atingido
meu coração que naquele instante sentia-se abraçar pelo calor gostoso da paz...
O
pensamento não voa, não parti, não estagna... simplesmente o pensar é apenas
sentir, é apenas emoção, é apenas sensação, é apenas ser... É apenas um
instante, mas é tão mágico estar naquele AGORA que embora o mundo esteja em
total movimento, ao mesmo tempo parece parar para inundar meu peito de magia,
de uma indescritível alegria por apenas ser quem sou...
De
repente ao suspender o meu olhar que esteve preso naquele instante mágico
enquanto observava aquele pequenino coração de pedregulho; vejo o gari
cuidadosamente mexendo com uma pequena borboleta...
Ela recua, ele novamente
encosta a vassoura levemente e a empurra... Ela volta a correr num voo
rasteiro, percebo que não há força para alçar seu verdadeiro voo e ganhar a
liberdade... Ele insiste com a vassoura... Fico sem entender, até sinto vontade
de me aproximar e pedi que a deixe em paz... Mas algo me prende a cadeira e
fico somente a observar...
Mas eis que ela, a
borboleta, se prende a vassoura e ele, o gari, gentilmente a leva para cima da
plataforma, observo que olha em volta e então escolhe um canto e jeitosamente
sacode a vassoura até a borboleta se desvencilhar da mesma... Ah! penso eu...
ele só queria salvá-la do pneu grande e pesado do ônibus que logo veria ali
estacionar para pegar seus passageiros.
Meu coração se encheu de uma
paz maior ao ver rapaz tão simples, mas com uma atitude tão nobre... e lá
continuou ele varrendo a rodoviária sem ter a menor noção que teu gesto pode
preencher o ar da energia mais pura, a energia do amor... E voltei a olhar para
o pequeno coração de pedregulho e lhe sorrir... Meu ônibus chegou e embarquei
não tão somente naquele veículo, mas naquela tarde embarquei também no veículo
invisível do amor.
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