Achei tão interessante um pedacinho da história de vida de uma grande amiga... Ela nem imagina o quanto fiquei emocionada com o que me relatou. Talvez fique surpresa ao ler o que agora escrevo. Enquanto estava em sua casa e ela se justificava a grande quantidade de bichinhos de luz pelo chão, por não ter havido tempo de varrer a casa etc. e tal, lembrou que não poderia reclamar, pois quando era ainda uma menina a sua casa não possuía luz elétrica, época em que aprendia a ler e escrever, então toda noite ficava desejando folhear os livros e paquerar as letras. Todavia, a simples chama do “fifó” (um pequeno candeeiro) não lhe permitia...
É interessante observar que quando a criança começa a descortinar este mundo alfabético há uma enorme curiosidade e uma vontade gigante de aprender e conhecer o novo. E aqui me pergunto: onde será que nós professores erramos? Afinal estas mesmas letras são rejeitadas e desprezadas ao longo de suas vidas? Hoje temos tão poucos leitores e sei que toda criança quando começa aprender a ler é como se tivesse descobrindo um mundo cheio de magia...
Mas, voltando às lembranças de minha amiga... E ela me dizia que passou a desejar uma casa que pudesse ter ao seu lado um poste, assim poderia sentar na calçada para enamorar os seus livros... Seu desejo foi cumprido e quando se mudou de um bairro para outro, sua casa tinha o poste tão desejado. Então, agora, como poderia ela reclamar dos bichinhos atraídos por sua luz?...
Não sei se pelo fato de amar tanto as letras e ter os livros sempre como meus companheiros fiquei muito emocionada com sua história e naquele momento preferi nada dizer. Na verdade, a minha sensibilidade, como disse Zeca Baleiro, “ando tão a flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar...” Então eu ali com os olhos nublados não conseguia, na verdade, falar...
E hoje essa minha amiga tem duas graduações, uma pós e tantos outros cursos. Hoje esta menina que amava tanto as letras se fez PROFESSORA e mesmo quando sua casa passou a ter um poste e mesmo quando teve o prazer de ter em sua casa luz elétrica, depois de formada por não ser de família “tradicional” foi mandada para lecionar na roça. E algo que tinha tudo para desiludi-la, foi instrumento para a grande virada de mesa que ela daria anos depois, pois lá aprendeu sozinha a trabalhar com os números... De inicio para preencher o tempo, mas com o tempo foi se apaixonando pela matemática e veja que engraçado, acabou voltando para a cidade porque não havia ninguém que pudesse substituir aquele velho professor de aritmética. E ela sem saber que todos aqueles anos de estudo a estava preparando para o tal cargo.
Hoje formada também em física, um exemplo de vida e de mulher e feliz vejo a sua única filha com apenas 25 anos terminando a segunda graduação, fala dois idiomas além do nosso velho português... Ela uma simples filha de lavadeira foi muito mais que os filhos das famílias tradicionais e nem sei se ela se dar conta do seu grande feito...
De um desejo de um poste ela transformou sua vida numa grande LUZ!
Que Lindo Kátia.. Não sabia dessa história..
ResponderExcluirPró Claudinha tenho orgulho de ser sua aluna...
Te Amo Minha Pró...
Perfeito...linda estória.
ResponderExcluirNem eu sabia dessa história... Fico feliz pela homenagem Kátia.
ResponderExcluirBeijo grande!