terça-feira, 13 de setembro de 2011

Solidão!

Enquanto lia o livro O Corpo Fala de Pierre Weil e Roland Tompakow, deparei com a palavra SOLIDÃO neste pequeno trecho: "Vejamos: a solidão, dentro de nós, sem contacto com o exterior, é terrível. quem quer ser Helen Keller, a famosa cega surda-muda?
Não precisamos ir tão longe - quem quer ficar numa ilha deserta, mas deserta mesmo?
Há horas que é tão bom uma invasãozinha do nosso território!
E outras horas há em que a mera invasão de nossas águas territoriais já é um aborrecimento dos maiores; queremos um certo espaço entre nós e os estranhos..."
Interessante que esta palavra tão conhecida minha soou de uma forma nova e ficou ecoando SOLIDÃO... SOLIDÃO... tirando-me totalmente a concentração na leitura. Até insistir em permanecer atenta a cada palavra escrita no livro, mas a palavra SOLIDÃO ganhou vida em mim e foi ampliando de tal forma que precisei fechar o livro... Por uns instantes também fechei os olhos e deixei vir à tona o que esta velha palavra de repente nesta nova roupagem queria me dizer: Então pude entender, não posso ainda dizer que assimilei tudo que está aqui, embora esteja tudo saindo de dentro de meu ser, sinto que ainda falta algo para fazer a conexão total de tudo ou com tudo.
Solidão independe se estou ou não acompanhada, quantas vezes ouvir: "Não tem coisa pior que solidão a dois! - Estava só mesmo no meio de uma multidão!" E quantas vezes estive plena, embora sozinha! A solidão é apenas a ausência de Deus porque quando fazemos de fato esta conexão não precisamos de ninguém mais para sanar nossas carências, simplesmente porque o elo foi feito com a fonte e ela é inesgotável. 
Estou aqui na rodoviária aguardando pacientemente o ônibus para São Francisco do Conde depois de 8 horas de viagem e, no entanto, apesar do cansaço, da fome e de saber que ainda terei que aguardar por quase duas horas, sinto uma paz que não poderia descrever, de repente a solidão que tanto me incomodou foi preenchida por um amor incondicional por tudo e principalmente por mim que vejo chegar no "intelecto" tudo isso e sei, posso sentir que é um dos grandes passos para entrar no fluxo do amor real e nunca mais me sentir só. Acredito eu, que é esta conexão que fazem os iluminados e que diante a tanta plenitude eles próprios satisfazem a si mesmo...
Um dia sei que chegarei a este patamar. No momento ainda há em mim o desejo da partilha com o outro, há a necessidade do "confronto"  e da vivência com minhas projeções. Todavia, agora, pude entender, não preciso buscar e nem procurar nada, pois à medida que me conecto com a fonte tudo em minha volta se harmonizará e o companheiro que tantas vezes desejei, se for realmente necessário em minha jornada, estará simplesmente ali, talvez na próxima curva me aguardando para juntos trilhar este caminho do autoconhecimento, este caminho para dEUs, sem cobranças e sem expectativas, apenas andando lado a lado, passo a passo vivenciando e aprendendo a estar no AGORA, como agora estou e, neste momento sinto a velha solidão partir. Porém, é muito interessante perceber que ela vai deixando aqui a sua essência e a sua grande lição, que neste exato momento me dou conta, que a solidão nada mais é que o caminho para DeuS e quando me dou conta disso ela apenas se ajoelha aos meus pés e a vejo transformar num imenso tapete me convidando a caminhar sobre ele. Eureka! O peso, o fardo que tanto me incomodou era apenas isso, a solidão que na verdade sempre foi o tapete que estava enrolado na minha "mochila"... E fico aqui olhando para a esta nova dimensão da SOLidão que já não me invade, pois começo a entender que, de certa forma, ela também sou eu e não posso invadir a mim mesma, posso apenas SER e assim juntando os pedaços desta grande colcha de retalho poderei enfim ser plena, ser apenas - EU SOU, estar não só consciente no intelecto de tudo isso, mas ser o próprio mundo no mundo e neste momento nada mais será necessário porque o TUDO e o NADA bastará. Terei voltado a LUZ que sou!

Um comentário:

  1. Hoje mesmo me vi de frente com a solidão, ao menos me imaginei vis a vis com ela. Estava prestes a perder um amigo e esta possibilidade me fez sentir só, e tive certeza que esse sentimento duraria muito tempo, até que eu encontrasse alguém para ocupar seu espaço, mas agora minha querida Kátia vc me diz e acredito piamente que a solidão é ausência de Deus. Suas palavras incitaram me a desenrolar este tapete, erguer os olhos e traçar um caminho onde não preciso do outro para me sentir completa, mas para partilhar esta plenitude.

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