domingo, 31 de julho de 2011

Cavalgar!

Cavalgar... Fiquei olhando toda animação das crianças ao ver os cavalos selados no convite gostoso para cavalgar. Recordo que a última vez que me atrevi, há seis anos logo que montei alguém soltou um foguete e o cavalo assustado disparou pelas ruas de Palmeiras, eu ali apavorada gritando, sem saber o que fazer, quando dois amigos em seus cavalos corriam tentando alcançar o meu... Experiência única numa mistura de medo, adrenalina, alegria, liberdade, ousadia e claro, FELICIDADE, pois mesmo em pânico curto cada momento que a vida me oferta para sentir sempre seu real sabor e mesmo temerosa sempre dou o passo seguinte. Posso ter medo, mas jamais deixo ele me paralisar...
Penso e busco coragem em mim e enquanto as pessoas cavalgam dentro da fazenda fico apenas olhando, medindo e pesando se irei a cavalo até o restaurante de Rivas... Quando vejo a distância que teremos que percorrer em vez de continuar temerosa uma coragem se apossa de mim, de onde estamos até lá são oito quilômetros, mas antes que “morfine” já monto em Brinquedo o cavalo que escolhi para mim. Meus filhos, Cláudia e Gabriel ficam surpreso com a minha disposição e Gabriel todo zeloso vem me explicar como devo proceder caso o cavalo dispare...
Porém, antes de sair tive meu pequeno dialogo com Brinquedo que sacudia sua cabeça positivamente me dizendo que iria colaborar. Gabriel ri ao meu lado e me fala que o cavalo não obedece à fala e sim a rédea, mas me sinto muito mais segura conversando com o cavalo. Coisas de Kátia diria uma amiga.
Então lá vamos nós, primeiro pela BR que me traz medo quando vejo carros se aproximando e vou aprendendo a direcionar o cavalo à esquerda, ou à direita. Entramos na estrada de terra fico um pouco mais aliviada quando Lipe sai em disparada em seu cavalo e brinquedo resolve acompanhá-lo... Meu coração parece que vai saltar garganta fora, meus cabelos voam e meu corpo sobe e desce fortemente sobre a sela causando em mim certo desconforto. Começo a gritar: - Devagar Lipe! – Para Lipe! Quando lembro que ele é surdo, e mesmo com medo rio de mim mesma. Gabriel já se aproximando gritando: - puxa a rédea mãe! Puxa a rédea. E eu logo que lembrei da surdez de Lipe dirigi minhas palavras ao cavalo: - Para Brinquedo! Para Brinquedo! E isso, claro, serviu de gozação, pois Gabriel prazerosamente contava a todo mundo depois. Todavia, posso perceber que através da brincadeira há nele um orgulho imenso por essa mãe, como ele disse ontem a Parede: - “Minha mãe bicho faz coisas que as outras mães não fazem velho!” Gostei de ouvir isso, não porque seja melhor que qualquer outra mãe, mas porque ainda me permito ser criança, ser adolescente, mesmo ele me lembrando muitas vezes que estou adulta... Mas está envelhecendo não quer dizer que preciso enrijecer a alma e é, até engraçado perceber que já tive por longo tempo, quando era muito mais jovem o meu coração endurecido e agora à medida que a envelhescência chega mais me liberto das amarras, mas criança me torno.
Percorro debaixo de chuva uma distância de mais ou menos cinco quilômetros e o desconforto no corpo aumenta, Brinquedo é bem “troncudo”, porém muito baixo para meu tamanho e o estribo começa a machucar meu tornozelo, sem contar os pulos que sou forçada a dar devido ao seu trote e isso também incomoda. Como Lipe desistiu de andar em seu cavalo que não lhe obedecia, trocou com Manoela que vinha na Charrete, e eu resolvi trocar com ele e lá fui eu tentando guiar.
Porém, Cláudia minha colega de trabalho estava apavorada e a todo instante gritava: - olha o buraco, ai meu Deus!  escondendo seu rosto em minhas costas apertando meu braço. Sua irmã Elaine do outro lado sorria nervosamente e eu totalmente inexperiente enfiei a charrete no buraco, e ficamos meio que empinadas no ar, gritando, rindo quando Parede veio ao nosso auxilio... Há muitos buracos pelo caminho sem contar que precisaríamos subir uma grande ladeira, então entreguei a Charrete a ele e fui guiando o carro de Manoela, claro muito mais confortável. No carro Kécia, Maria, Luciene e Rita sorriem com as piadas de João.
Chegamos a Rivas e é aquela algazarra, o local é bem gostoso, um restaurante bem rústico no meio de um milharal que tem como companheiros pés de tomates... Fomos comer galinha de quintal e carne de sol. A chuva dá uma pequena trégua e os meninos, João, Sara e Maria resolvem correr pelo terreiro.
Gabriel conta gostosamente que em vez de sua mãe puxar a rédea do cavalo ficava gritando: - Para brinquedo! Todos riem e Marquinhos lembra com graça que mais cedo Monique que gritava nervosamente para o cavalo que sempre ia parar em frente ao galinheiro: Vai pipoca! Vamos pipoca! E pipoca é o nome do cachorro.
Manoela, Claudinha, Lipe, Gabriel e Monique vão jogar sinuca, enquanto Arilândia conta que há muitos anos ficou pendurada num pé de cacau, o cavalo foi e ela ficou presa na galha e que desde então deixou de cavalgar.
Marli sempre solidária andou com todo mundo na charrete, nem só as crianças, mas também com Kécia, Cláudia, Luciene e Elaine que embora cheias de vontade, estavam também cheias de medo. Mas, Cláudia surpreendeu voltando cavalgando, Elaine na garupa de Claudinha e Monique na garupa de Gabriel. De repente quando saio com o carro para voltar à fazenda encontramos com Rosevania que se perdeu do grupo, rimos muito e lá fomos nós quando Gabriel já voltava preocupado com o sumiço da colega.
Estou com a poupança e o tornozelo muito dolorido, o que não me permitiu voltar cavalgando, contudo sorrio feliz comigo de ter tido a ousadia e coragem de cavalgar mais uma vez e cinco quilômetros não é pra qualquer um... Enquanto as colegas me chamam de polivalente eu fico muito mais orgulhosa de ter montado por um bom tempo em Brinquedo, afinal ter a coragem que tive não é brinquedo não?! rsrsrsrsrs

O dormi em Inhambupe!

A chuva cai forte sobre o telhado, o cheiro de terra molhada invade o quarto, aqui há um cheiro bem mais encorpado, afinal na fazenda há gado e com esta sinfonia da chuva e o mugido dos bois tento conciliar meu sono... Mas está tudo tão mágico, tão gostoso que fico um bom tempo ouvindo a vida e tudo que ela nos traz de som. Interessante observar que desde que descobri que minha filha era surda que algo estranho aconteceu em mim, o silêncio dela fez aguçar todos os sons em meu ser. De início era a angústia de não poder partilhar com ela todas as sinfonias da vida, mas ela com seu jeito especial de ser, não por ser um ser especial por ter nascido com uma deficiência, mas porque todos nós somos também especiais e cada qual a seu jeito consegue nos trazer tantos aprendizados e, Claudinha é este mestre em minha vida, ela mesmo em seu silêncio pôde me mostrar quantos sons existe neste planeta em que me encontro. E enquanto curto o som de Inhambupe que tem algo muito peculiar, pois a fazenda foi invadida pela cidade, então ao mesmo tempo em que ouço mugidos, galos cantando, chuva caindo, ao longe escuto também, motos, carros, carretas, pois além da cidade está aqui ao lado, a estrada divide o pasto... E fico aqui quietinha ouvindo tudo isso e me embalo em tantas lembranças gostosas... 

Inhambupe!

 Estou em Inhambupe, nunca havia imaginado uma fazenda dentro da cidade, ou seria a cidade que invadiu a fazenda? Não importa quem invadiu quem, afinal isso não muda a integração e a interação que posso sentir aqui, tanto da cidade quanto da equipe que trabalho que descubro neste momento o quanto somos, também aqui, multidisciplinar e a alegria se espalha no ar através da música com o toque maravilhoso de Parede, Gabriel e Monique, com as respostas tão bem humoradas de Marquinhos, com as birras de Maria equilibrando com o humor de Sara e toda intelectualidade de João. Rita e Luciene são apenas sorrisos largos... Marli a mão de fada da cozinha enche nosso dia de sabor e fico aqui viajando no olhar perdido de Arilândia que viaja a todo instante para a capital Paulista... Lipe e Claudinha interagem buscando entender através das expressões faciais tantos risos e tanta graça e a medida que busco interpretar para eles vejo o quanto belo é também o mundo silencioso que vivem. Afinal a vida nos fala não só através do som e aqui a vida fala conosco através do verde exuberante dos pastos, da dança do vento nas plantas e tanto as folhas como as flores se umedecem emocionada com a chuva fina que cai. E vejo Kécia sempre saltitante alegrando ainda mais o grupo. Nos surpreendemos com Elaine que é muito mais perspicaz que sua aparente timidez. E dentre Claudia, Rosevânia e Verena não saberia dizer quem é mais top model, pois haja flash, haja foto, haja pose... A vida é tão bela tão mágica tanto que Manoela a nossa grande anfitriã traz em si o pulsar de um novo mundo, um novo universo... A vida que faz vida que fará vidas e trará tantos sorrisos, tanto amor... E agradeço a vida e todas as vidas que aqui estão encantando ainda mais a minha vida!
Hoje o  toc... toc do meu amanhecer foi substituído pelo plac... plac da chuva que cai gostosamente e com ela meu quarto é invadido não só com uma nova sinfonia, mas também com cheiro de terra molhada... Os olhos hoje pesam, meu corpo me diz que dormiria um pouco mais, afinal a FELICIDADE é tão grande que só conciliei meu sono quase às três da manhã e, como sempre, desperto junto com o amanhecer. Mas, apesar do peso em minhas pálpebras há uma leveza tão imensa em minha alma que isso de repente fica insignificante, e a medida que a chuva cessa, trazendo o som do bem-te-vi que se aproxima de minha casa tão forte e tão presente  o sorriso brota não só em meus lábios, mas também em meus olhos e em toda minha face. Alias certo seria dizer: o sorriso que nasce em todo meu corpo carrega consigo qualquer peso que o cansaço pudesse me trazer e aqui em comunhão comigo e com Deus apenas agradeço o plac...plac...o bem-te-vi, o cheiro de terra molhada, a vida... a mim e a todos os mestres que cruzaram meu caminho me ensinando a manter os olhos da alma sempre abertos e atentos a vida que sempre está neste movimento maravilhoso me dizendo a todo instante: -  A vida é simplesmente VIVER!

Bom dia a todos vocês que como eu amam cheiro de terra molhada!

Toc... toc... toc

Toc...toc...toc...Acordo com este som...Meio atordoada tento compreender o que está acontecendo em minha volta. Ainda estava bem sonolenta e sem entender direito onde é mesmo que eu estava... Abro os olhos e não vejo nada estranho que pode ocasionar o barulho, de repente olho para o alto e vejo então na sombra do telhado vários pássaros se alimentando ali... Imagino que o vento deve ter jogado no telhado sementes e outras coisas que estavam servindo de alimento para eles... E fico um bom tempo na cama ouvindo gostosamente o toc... toc...toc... Então começo a pensar: Será que só eu Kátia acordo desta forma vendo tanta coisa diferente e divina a minha volta??? Ontem alguém me disse exatamente assim: Kátia você já viu que na sua vida tudo acontece?! Só na sua vida! Apenas lhe sorri e respondi: - talvez porque eu sempre mantenha os olhos de meu coração bem abertos para vida! E hoje fiquei pensando que nunca acordo do mesmo jeito, até mesmo no meu acordar não há "rotina", não pulo da cama e saio correndo, sempre deixo a vida chegar mansinho e me mostrar o que ela tem de novo, como ontem a belíssima imagem das nuvens na janela da casa de minha amiga e hoje o som maravilhoso dos pássaros enquanto se alimentavam no telhado. E estas pequeninas coisas é que me fazem ver o quanto a vida é mágica, o quanto a natureza nos sorrir a todo instante e o quanto é maravilhoso estar sempre atenta para esta magia que fomos agraciados por Deus, tanto que não é à-toa que o AGORA, o PRESENTE tenha coincidentemente o nome de PRESENTE, nós é que precisamos ficar atentos a isso, pois ficar remoendo o passado, ficar presos ao que passou é uma grande perda de tempo, é na verdade matar a vida. Viver com o pé no futuro sem a garantia que poderei por o outro pé lá é burrice. Afinal, vejam só, o futuro nada mais é que o hoje, pois amanhã será exatamente o que agora está sendo, pois sempre desejamos o amanhã sem nos dar conta que o que desejei ser hoje já é, e fico sempre com o olhar no futuro, o nosso olhar pode até se perder no horizonte, mas sem jamais nos perder, para viver precisamos ESTAR, para viver precisamos SENTIR, para viver precisamos entender definitivamente que só EXISTE O AGORA, só EXISTE ESTE MOMENTO! Obrigada Deus, Vida, Cosmo, Universo por me manter sempre assim "abobalhada" com a vida!
Desejo a todos vocês um bom dia na sinfonia do toc...toc...toc que fui agraciada esta manhã em meu telhado...

Nuvens!

Espreguiço e sinto os primeiros raios entrar pela janela, estou na casa de uma amiga e tenho o privilégio de dormi com a janela aberta... A luz vai se fortalecendo a medida que a manhã como eu, vai acordando... E como um gato manhoso espreguiço pra lá e pra cá e quando abro meus olhos - UAU posso me deparar com a beleza do azul no contraste da beleza das nuvens brancas que tem um brilho encantador devido aos raios do sol que estão atrás delas... Fico perplexa tamanha beleza que o meu olhar detecta neste momento e um sentimento gostoso de gratidão se apossa de meu ser e agradeço a vida por ter me dado a oportunidade de manter meus olhos assim - mágicos, poéticos - Então agradeço ao Cosmo o dia que nasce de forma tão grandiosa na certeza que meu dia será cheio de LUZ!
E desejo que todos os meus amigos possam como eu despertar para esta forma de olhar a vida... Olhar a vida todos os dias, ou melhor a todo instante poeticamente!


Abreijos poéticos no coração de cada um e pare um minuto e veja que batuque maravilhoso nosso coração faz a todo momento - BUM SQBUM BUM...

sexta-feira, 15 de julho de 2011

A benção!

- Bença tia!
Enquanto dobrava a esquina de minha nova moradia foi a primeira coisa que ouvi... E o que foi dito me fez ir tão longe... A benção! Quanto tempo não ouço alguém pedir para ser abençoado! Os mais jovens acham que pagam mico pedir que os abençoe, interessante e triste observar as mudanças de valores e, como a nova geração tem posto o amor na lata do lixo, na verdade nem sei se na lata, pois o que vejo é muita sujeira pelas ruas o que mostra o quanto anda sujo o coração da coletividade, afinal o nosso exterior nada mais é que nosso interior...

Porém, apesar de tanta sujeira e violência tenho ainda o privilégio de saber de seres humanos que são honestos como a senhora que vende jornal na Estação da Lapa, em que um aluno (Dalmo) me relatou que ela o chamou para lhe dizer que ele havia lhe dado o dinheiro a mais, quando vejo a moça dar a benção a sua tia sem nenhuma vergonha mesmo eu passando no momento, quando recebo em minha casa auxílio de tantos amigos numa mudança tão conturbada e que apesar dos entraves e todo trabalho pude ver meus filhos rindo e fazendo piada de toda dificuldade que tivemos que passar... É de fato ainda sou muito abençoada em poder ainda pedir a meu pai a sua benção. E ao ouvir a tia responder de maneira tão bem humorada a sua sobrinha - Deus te abençoe minha filha, pude também ouvi meu pai me dizer: - - Deus te abençoe Kati!