Acordei gostosamente
no Sabor da Cidade. Não tão longe chegava aos meus ouvidos o som do “arrocha”. Algum
tempo atrás ficaria irritada por acordar cedo já tendo o dia invadido pela música
emudecendo o melodioso canto dos pássaros.
Todavia, à medida que amadureço tudo
passa a ser ressignificado em mim e mesmo os pássaros tendo seu canto arrochado
devido o arrocha, ainda tenho que agradecer a natureza o fato de poder ouvir. Afinal cada localidade que chego traz em si
sua musicalidade, sua característica própria. E agora até sorrio com o
verdadeiro contraste, pois aqui embora tenha o nome de pássaro – Andorinha –
acordo sem o direito de ouvi-los...
Faço aos poucos minha conexão com o
divino que habita em cada canto dessa cidade e vou então tomar meu café. As
frutas, o mamão e a melancia estão tão doces, que além de adocicar minha boca
sinto que adoça também minha alma.
E veja que surpresa boa ao
provar o café, depois de procurar inutilmente pelo açucareiro; pude sentir que
o mesmo já está adoçado. Sei que algumas pessoas irão por certo reclamar
alegando que gostam com mais ou menos açúcar e que deveria tá assim ou assado...
Porém, ao tocar o café adocicado a mente voou ao passado e lembrei-me
de minhas avós, aonde em suas casas o café também já vinha adoçado. E até hoje
na casa dos meus pais temos também café já com açúcar ao lado daquele café
amargo. Afinal as coisas mudaram e nem todo mundo consegue ver tanta positividade em tudo que
nos rodeia.
Saboreio o aipim que de tão mole dissolve em minha boca... A
sensibilidade aguça ainda mais e a gratidão invade meu peito ao cruzar com os
donos do hotel D. Maria e Sr. Vadinho que me recepcionam com tão belos
sorrisos.
Saio agradecida por tudo e vou então para a minha sala de aula e feliz
vejo em meus alunos o amor à natureza exalando tanto amorosidade no ar... Penso!
Como poderia não ser FELIZ se posso saborear tudo isso e ainda estar tão bem
acolhida e tão aconchegada no Sabor da Cidade aqui em Andorinha.