sábado, 14 de maio de 2011

Reflexão!

Ontem não era um bom dia, embora tenha tido motivos para comemorar grandes coisas, como a certeza da independência de minha filha e, talvez isso de certa forma mexesse também comigo me deixando ainda mais fragilizada. Transcrevo então o que vivenciei...


Ainda estou reflexiva com a resposta de minha filha a psicóloga logo pela manhã... Fomos apenas fazer uma visita ao pessoal do CEPRED e eu contava feliz e orgulhosa, para quem não sabe minha filha é surda, que ela estava super independente que me surpreendeu ao ir comprar com o namorado que também é surdo seu óculos, me contando que achou da forma que queria e muito mais em conta principalmente por ter pago à vista... Então Márcia a elogiou e ela respondeu simplesmente assim: Preciso aprender a fazer tudo sozinha, pois quando minha mãe morrer eu saiba me virar!


Surdo é assim, bem pratico e eu fiquei ali boquiaberta, não pela questão da morte, pois encaro de forma muito natural e vejo que não só passei isso bem a ela, mas descobri naquele instante que já estamos com o cordão umbilical completamente cortado...

Essa menina foi muito mais do que eu pudesse imaginar um dia e fiquei me perguntando: Kátia onde está sua filha?

Ela está longeeeeee e isso me deixou além de reflexiva muito feliz, afinal ela já sabe se cuidar sozinha!


Enquanto escrevo aqui, este novo insight vai caindo em mim... O fato dela ser e estar independente, talvez tenha mexido com as cordas que mantemos por algum tempo, enquanto direcionamos nossos filhos para a vida... E os meus, todos eles são assim, independentes. Tanto que ao sair de casa com Cláudia e Gabriel, este com 15 anos; fiquei surpresa com a mochila nas costas dele e perguntei:

- Para que a mochila?
- Vou passar o fim de semana em Salvador com Bia (mulher do irmão)
- Sim, e quem autorizou?
- E precisa minha mãe? “Eita” já vai começar?
- Bem se vai começar não sei, mas acredito que você ainda precisa conversar comigo a respeito de suas decisões, ainda sou, eu acho, a mãe por aqui.
...

Como viajo muito para trabalhar, muitas vezes os deixando sozinhos em casa, eles acabaram adquirindo também não só independência em seus atos, mas uma grande autonomia. Mas, acabei fazendo ele voltar para casa. Primeiro porque havia deixado um trabalho incompleto e necessita entender que precisamos ter responsabilidades, principalmente quando envolve outras pessoas. Segundo porque ainda está novo para simplesmente sair assim... afinal se não delimito nossos espaços, logo-logo chegarei em casa e estará apenas um bilhete - Fui viajar... Não que eu ache que não tenha que ser independente, mas precisamos também ter limites dentro do espaço que dividimos... E uma semana atrás ele já havia feito isso, cheguei em casa e tinha apenas o recado: - “tia Gabriel mandou avisar que foi pra Salvador!” (disse Bruno). Liguei na mesma hora e o fiz voltar do ponto de ônibus que ainda se encontrava...

Educar é bem difícil, há de ter sempre o equilíbrio, nem posso criá-los na barra da saia, nem posso também deixá-los soltos como se ninguém se importasse...

E diante de tudo isso eu que já estava fragilizada entrei num processo de “vitimização”... sempre nos sentimos vítimas quando algo começa a nos incomodar... Devido a outras questões, toda a responsabilidade que sempre preciso ter, começou a pesar em meus ombros e fiquei me questionando que razão teria a vida para isso e para aquilo...

Afinal tudo é tão misterioso, me sinto tão infinitamente pequena para julgar, predizer ou mesmo pregar VERDADES... Mas sei que apesar do meu tamanho infinitesimal, existe algo além de qualquer explicação, que sempre está ao nosso lado quando é solicitado, ou pelo menos quando nos atentamos para isso, ou nos permitimos perceber a sua presença. Pois tudo há de se QUERER, é certo, quando não quero, nada posso aprender, ou assimilar, por melhor que seja a lição, o palestrante, o livro, a aula, o amigo, enfim tudo na verdade tem que partir de nós mesmos. E justamente naquele momento eu questionava essa presença, estando a caminho de casa num trânsito caótico devido à imensa chuva, quando meu celular sinaliza que chegava um torpedo deixando-me “boquiaberta” e muito emocionada devido à mensagem que trazia e que transcrevo na íntegra:

“ Qdo o sonho se desfaz, DEUS reconstrói; Qdo se acabam as forças DEUS renova; Qdo é inevitável conter as lágrimas  DEUS da alegria; Qdo não há mais amor, DEUS faz renascer; Qdo você diz: não vou conseguir, DEUS diz: não temas, estou contigo; Qdo o coração é machucado por alguém e tudo parece se fechar, DEUS abre uma nova porta; Qdo a noite parece não ter fim, DEUS faz amanhecer; Qdo caímos num profundo abismo, DEUS estende a sua mão...bjs Clara."

De imediato respondi agradecendo, estava mal até chorava naquele momento... E hoje, logo cedo ao entrar na internet encontrei com minha amiga Clara que inclusive foi logo me dizendo: - “amiga ontem passei o dia todo pensando em você!” Já tem um mês mais ou menos devido ao meu corre-corre que não nos encontramos pela net, e nem temos o hábito de falar pelo celular, já que ela é implantada (ela é surda e usuária do Implante Coclear, embora consiga falar no celular, existem algumas limitações e por isso nossa comunicação geralmente é feita pela internet) sendo assim, ela nem sabia que eu estava “mal”.

Então agradeci mais uma vez a mensagem que me enviou, quando me informou que não foi ela. Fui então verificar o número, ela mora no Rio de Janeiro e vi que o código era 75 da Bahia. Depois dos “vinte e uns” (risos) o braço vai ficando curto e se não estou com óculos fico realmente sem saber quem me ligou. Resolvi ligar para saber quem me mandou o torpedo. Veja só, o celular é de uma amigo de infância que descobri na net algum tempo, mas que não vejo a mais de 20 anos e que nunca nos falamos pelo “fone”. Então ontem quando ele recebeu esta mensagem de uma amiga que também chama Clara resolveu me enviar... Percebendo depois que não havia tirado o nome da mesma e posto o seu.

Vejam só o tamanho da “rede” e a forma como a conexão aconteceu... Clara pensando muito em mim; recebo uma mensagem na hora certa com seu nome, de alguém que não tem noção de como anda minha vida. Realmente não há como duvidar que existe uma força MAIOR. Não estamos soltos e nem só neste planeta, e fico muito agradecida em poder estar conectada com esta energia que quando parece que vou despencar, de alguma forma, ela vem e me diz EU ESTOU AQUI e então eu lembro que EU SOU...

Hoje mais serena, e devo confessar que aquela mensagem teve um poder imenso de me trazer PAZ, o coração ficou tranquilo e depois de muitos dias pude dormir, como diria minha Vó-Dinda - com os anjos! Então pude pensar e vê que existem inúmeras portas para solucionar os novos desafios que surgem em meu caminho e por certo se estão aqui é porque tenho competência para superá-los. Não posso é vestir a camisa de vítima e nem achar que isso está vindo de fora, afinal às escolhas são sempre minhas... Se atrair é porque necessito também crescer com estes novos degraus que preciso subir... 


Não dá para ficar estagnada vendo o tempo passar, e o que é pior deixando a oportunidade ir embora... Então é arregaçar as mangas e partir para o bom combate, como diz Paulo Coelho, afinal um guerreiro da Luz também tem suas fragilidades a diferença é que ele não se deixa abater... E eu me considero uma guerreira da Luz que vive em busca de um dia sentir em mim o AMOR maior, o AMOR INCONDICIONAL e não é só sentir, afinal de vez enquanto tenho a bênção de ter estes insights, mas preciso fazer com que este AMOR entranhe para sempre em mim e que eu possa com isso levar a minha LUZ além do meu umbigo.

domingo, 1 de maio de 2011

A arca do Amor!

Por um bom tempo as palavras fizeram um grande silêncio em minha alma... Mas, embora não viessem à tona de meu ser para expressar todo movimento que sempre há em mim, elas, as palavras, foram comigo além do que pudesse ser escrito e entraram num novo baú... Uma arca imensa, estranha, parecia tão bem lacrada. Todavia, apenas um toque, um olhar feito através do coração. Coração, este embevecido de amor, e a porta se abriu trazendo à luz tantos sentimentos dos quais jamais poderia descrever... Falar que a felicidade interna me deu um gigantesco abraço, poderia até tentar exemplificar o que sentir... Quando o SER esquece esta correria insana do TER, quando deixa de acreditar que somente através da posse podemos ser felizes, da posse do outro ou mesmo das coisas inanimadas, algo em nós se transforma e foi nesta busca do SER que descobri minha arca com o que há de mais belo no ser humano - o AMOR... Amor sem cobranças, sem expectativas, sem exigências, AMOR despido de tudo, o AMOR "NU" e ao mesmo tempo vestido com as mais belas vestes, vestido de COMPREENSÃO, CARINHO, GRATIDÃO, SOLIDARIEDADE, PARTILHA, COMPANHEIRISMO, AMIZADE... E eu, desejo apenas mais uma vez poder abrir a minha arca e novamente ter este êxtase de plenitude deste amor. Pois não é nada fácil permanecer na LUZ com tanta negatividade em volta... Se ligo a TV só sangue, até mesmo os programas que dizem ser para nos entreter estão cheios de dor e de conflitos, se saio a rua observo que as pessoas só reclamam - do caixa lerdo, do trânsito caótico, do chefe pedante, da vizinha arrogante... Infelizmente, nas minhas observações diárias, não vejo as pessoas falando da beleza do sol ou mesmo da chuva, da alegria de enxergar, de andar, de ouvir... Tenho muitas vezes que fazer um grande esforço para manter meu coração mergulhado no único sentimento que devíamos ter o tempo todo - GRATIDÃO - por tudo ou pelo simples fato de poder EXISTIR... Não fomos jogados no LIXO e por certo, isso já é uma grande bênção!

Bom domingo a todos vocês que fazem parte do meu baú de amor e que me fazem acreditar num mundo melhor!